A morte iminente



Na semana passada uma conhecida minha faleceu. Ela era bastante nova ainda, filho pequeno e, apesar de não termos uma convivência constante, ela sempre me passou uma sensação boa. Sempre carinhosa e gentil. Sua partida foi impactante para mim. Incrível pensar que uma pessoa boa e jovem simplesmente tenha ido para sempre. Esse impacto gerou uma reflexão sobre como deve ser conviver com a certeza da morte iminente sem nada poder fazer. Esse texto é sobre isso! Não sobre a certeza da morte, pois essa virá para todos nós, mas sobre o turbilhão de emoções e sentimentos que devem acontecer quando sabemos que a morte está próxima.

 Comecei a me perguntar que tipo de sensações devem ocorrer nessa situação. Revolta por tudo que ainda poderíamos viver, por ter sido uma pessoa boa e justa e, mesmo assim, vermos seres humanos mais maldosos e vis continuarem suas jornadas. Revolta talvez pela injustiça! Ansiedade por ter que resolver todo um futuro em pouco tempo, organizar a vida de quem fica, viver intensamente o que não teremos mais tempo de viver. Medo do desconhecido. Medo de ser esquecido. Medo do que não virá.

São tantas as emoções possíveis. A visão que temos de tudo em nossa vida deve mudar frente à verdade única de que somos pó e ao pó voltaremos. Como julgamos as pessoas, os acontecimentos e mesmo nossos próprios sentimentos. Acredito que o mundo deva virar de cabeça para baixo frente ao inevitável. Como deve ser andar pelas ruas? Conversar com os amigos? Encarar a correria das pessoas no dia-a-dia?

Todos esses pensamentos só fortaleceram em mim a certeza de que cada pessoa vive uma luta única, que pouco entendemos. Pouco ou nada sabemos sobre as pessoas que cruzam nosso caminho todos os dias. E, diante desse desconhecimento, fica uma questão sobre nosso comportamento. Acredito que devamos ter um mínimo de respeito e atenção com o próximo, exatamente porque nada sabemos sobre seus desafios. A empatia começa pelo respeito ao outro. Talvez o primeiro passo seja diminuir nossos pré-julgamentos e prestarmos mais atenção aos outros. Em uma era de tanto egocentrismo, esse exercício pode fazer muita diferença na qualidade de nossas vidas e relacionamentos.

* Esse texto foi feito em homenagem a Karina Seleri. Muita luz!

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