Não quero mais cachorro!

Estava passeando com o Toddy (meu cachorro) ontem e, ao passar por um senhor, este largou as duas bolsas e começou a fazer carinho nele. Comentou que nem pensava em ter outro cachorro, pois havia sofrido muito com a morte do seu último companheiro. Fui caminhando para a casa relembrando a expressão de tristeza que surgiu no rosto do senhor quando falou sobre sua perda.

Nessa mesma semana, o assunto mais comentado no Brasil foi a transferência quase bilionária do craque Neymar do Barcelona para o PSG. Muitas opiniões ressaltavam o risco da sua escolha, uma vez que o Barça é um dos maiores times do mundo, garantia de títulos e sucesso, enquanto o PSG é um time de 2^o escalão, lutando para mudar seu rumo. Enfim, uma escolha difícil, mesmo frente aos milhões oferecidos!

Concluí que, apesar dos dois assuntos serem de natureza bastante distintas, eles trazem um elemento em comum: o papel das emoções no processo de decisão. Aprendemos que as decisões devem ser racionais, baseadas em fatos e bem pensadas. Porém, o que não aprendemos é que as nossas emoções e sentimentos tem influência direta na maneira como raciocinamos. Em pesquisas realizadas por Antônio Damásio, um dos maiores neurocientistas do mundo, verificou-se que pessoas que tinham áreas do cérebro ligadas às emoções danificadas, tinham uma grande dificuldade de tomar decisões lógicas, por mais que fossem consideradas racionais antes dos acidentes. Não é mais possível aceitarmos a presumida oposição entre razão e emoção.

Tanto no caso do senhor que não quer mais ter um cachorro quanto a escolha do Neymar demonstram isso. Mesmo sabendo o quanto foi feliz ao lado de seu companheiro, para aquele senhor a dor da perda trouxe um sofrimento muito maior, que dá um peso enorme na hora de optar por adotar outro ser. Da mesma forma, a busca pelo reconhecimento, pelo desafio de ser considerado o melhor de todos ultrapassa a certeza de títulos que Neymar tinha no Barcelona. Quem dá o peso, o valor na hora de julgarmos racionalmente uma questão são as emoções, pois não existe uma única razão para todos os seres. O importante é saber medir o peso de suas emoções!