Precisamos falar sobre o Suicídio (I)



Estamos vivendo uma tragédia! A cada 40 segundos uma pessoa suicida no mundo. Cerca de 1 milhão de mortes a cada ano, representando quase 1,5% de todas as mortes do mundo. Esse quadro fica ainda mais tenebroso quando consideramos jovens entre 15 e 29 anos. Entre esses, o suicídio representou a segunda maior causa de morte em 2015. O que está acontecendo com nossos jovens? Por que as pessoas estão abrindo mão de suas vidas cada vez mais?

Não é uma resposta simples! Mas alguns dados dão a direção. O crescimento dos casos de depressão e ansiedade parece ter uma relação estreita com os suicídios. Todos nós convivemos com pessoas que apresentam esses distúrbios. Talvez nós mesmos! Não é minha intenção discutir as suas causas. Falta-me conhecimento para tal e, na verdade, mesmo os especialistas não conhecem todos os fatores. A minha discussão foca o aspecto social e emocional do suicídio.

Vivemos uma época de mudanças e de enorme incerteza. O desenvolvimento tecnológico mudou completamente o estilo de vida da humanidade em pouco mais de 30 anos. Hoje temos uma realidade onde regras e normas não são claras. As pessoas estão em busca de uma identidade perdida. Isso fica claro nos movimentos conservadores saudosistas pipocando ao redor do mundo, que defendem regras mais rígidas, como era no passado. Isso não é possível! O mundo funciona em espirais de evolução e nunca volta ao mesmo ponto. Esse novo cenário causa o que Durkheim (considerado um dos fundadores da Sociologia) chama de suicídio anômico.

Temos um nível de informação e liberdade que nunca tivemos. Mesmo com algumas reações mais conservadoras, podemos escolher quem desejamos ser em termos profissionais, sexuais, culturais, etc. Não há mais uma voz única dizendo o que é certo. Porém, não estamos preparados para essa escolha! Saímos de uma sociedade regulada, controlada, limitada, hierárquica, para uma sociedade em que o horizonte de escolhas é muito mais amplo. Mas, diante de tantas escolhas, o que faz sentido para cada um? Esse é o dilema que assola muitas pessoas, principalmente jovens.


Não há uma solução única para essa busca de sentido. Um caminho que vem se destacando é o da educação emocional, que tem o objetivo de levar a uma reflexão sobre suas próprias emoções e como dialogar com as emoções dos outros. Nesse contexto, destaco a empatia como competência fundamental para um mundo mais saudável. Difícil imaginar um mundo melhor sem que estejamos prontos para compreender outras visões de vida, para olharmos além do nosso próprio umbigo. O suicídio não é falta de Deus no coração, é um sintoma da falta de humanidade que ainda vivemos.

Comentários

  1. Vale lembrar: o suicida não quer acabar com a vida, mas sim acabar com a dor!

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    1. Verdade, Marta! Tive alguns relatos de pessoas que sentiam um vazio enorme e que não suportavam mais não ter como preencher esse vazio. Na próxima semana vou falar sobre o aspecto emocional do suicídio. Abraços!

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