Quero amor, por favor!




Nunca foi fácil criar um filho! Mesmo sabendo disso, a impressão que temos é que está cada dia mais difícil. O motivo? Acredito que não haja somente um grande motivo. Certamente, o avanço da tecnologia e o amplo acesso a todo tipo de informação fez com que as relações se tornassem mais horizontais, isto é, não dá mais para exagerar no “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Apesar de ser necessário em alguns momentos, hoje as relações exigem mais negociação, mais troca. Se fosse só esse fator, já seria um trabalho enorme. Até porque negociar dá muito trabalho.

Mas não é só isso! Atualmente temos menos tempo para a vida pessoal, incluindo nisso a criação dos filhos. Há 30-40 anos atrás, dava para sustentar a casa com somente um membro do casal trabalhando. Hoje, está difícil até com os dois! Isso se deve, em parte, ao crescimento do nível de consumo dos lares. As “necessidades” atuais são muitas para caber no orçamento, e isso leva a uma carga cada dia maior de trabalho e a filhos cada vez mais carentes de atenção. Os pais fazem tanto sacrifício para poder oferecer o melhor para os filhos, mas acabam subtraindo os momentos de convivência que fazem toda a diferença para a saúde emocional dos filhos.

Existe, porém, outro fator que me parece claro nessa equação. Os pais estão muito diferentes também. Se antes ser reconhecido como bons pais era a maior ambição de pessoas adultas, hoje não é o suficiente. A realização vem com os filhos, mas também com o reconhecimento no trabalho, com viagens pelo mundo, com as curtidas recebidas nas mídias sociais,... Queremos ser amados, pelos filhos e pelo mundo!

Nessa busca por reconhecimento e amor, fica complicado lidar com todas as frustrações e dificuldades que fazem parte da criação de qualquer filho. Como assim amar e não ser amado? Pode isso? Com filho pode, e acontece, mesmo que seja só durante a raiva por não ter ganho um presente desejado. Então basta dar o presente, certo? Não funciona assim! Na busca por serem amados, os pais podem cair na armadilha de não educarem seus filhos e perderem sua principal função. Mas antes de educar, os pais precisam ser educados emocionalmente para se tornarem fortes o bastante para o desafio, para a guerra que é criar um ser. Devemos ser pais pelo amor que temos pelos filhos e não pelo reconhecimento. Para cuidar de alguém, temos que estar inteiros por dentro!

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