A revolução pelo outro



Embora alguns autores, principalmente aqueles ligados à área de gestão, afirmem que não nos falta tempo, mas sim planejamento, essa não é a realidade que percebemos todos os dias em nossas vidas e nas vidas dos nossos amigos e familiares. Todos reclamam da escassez do tempo para realizarem suas obrigações e, menos ainda, para fazerem o que gostam. O trabalho excessivo tem sido apontado como a principal causa da falta de tempo. A crença generalizada no sucesso profissional como a maior fonte de realização pessoal e de valorização social, somada a uma necessidade constante de capacitação, leva a uma dedicação sem antecedentes a essa área de nossas vidas.

Apesar de ter um grande peso, o foco exagerado na carreira não é o único fator que nos consome o precioso tempo. Com o crescimento das tecnologias, principalmente as móveis, há um aumento no tempo gasto interagindo com os aparelhos. Seja jogando ou interagindo nas redes sociais, o tempo utilizado frente aos smartphones é cada vez maior. Não adianta negar o novo!  Mas, com certeza, devemos refletir sobre seus efeitos.

Como desenvolver a empatia se não temos tempo sequer para vivermos nossa vida plenamente? Essa escassez de tempo diminui a possibilidade de prestarmos atenção aos outros. Não existe empatia se não tiramos o foco, mesmo que momentaneamente, de nós mesmos e colocamos no outro. Quantas vezes paramos com um conhecido na rua e, mesmo durante uma curta conversa, ficamos pensando em tudo o que temos que fazer e nem mesmo escutamos o que o outro está dizendo? Não há como compreender o ponto de vista e os sentimentos de alguém se não conseguimos, ao menos, ouvi-lo atentamente.


Nosso futuro depende dessa mudança. Nosso futuro pessoal, uma vez que as profissões mais valorizadas serão aquelas que demandam interação social, e nosso futuro como civilização, pois nenhuma civilização resiste à falta de tempo para refletir. A proposta que trago é simples e difícil ao mesmo tempo. Vamos exercitar a atenção ao outro. Vamos tirar um tempo, por menor que seja, para olhar os outros e perceber tudo que conseguirmos. Olhares, feições, postura, palavras. Tenho convicção de que uma revolução pessoal começa por aí!  

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