Você já foi agredida no trabalho?


Uma professora foi agredida em seu ambiente de trabalho essa semana, gerando polêmica nas redes sociais. Isso ocorre diariamente em todas as profissões, no nível físico e simbólico. Poderia escrever sobre a deturpação do papel do professor ou a desvalorização da Educação no Brasil, até porque tenho mais de 15 anos de docência. No entanto, esse blog não nasceu com essa finalidade, e sim para discutir as emoções e suas expressões em nossa sociedade. 

Um ato como esse traz à tona diversas emoções. O jovem infrator demonstra, primeiramente, uma raiva que chega ao limite da ira, ao agredir uma professora, uma das responsáveis por sua formação como cidadão e preparo para uma vida melhor. Essa raiva pode vir de várias fontes: sua família, ou a falta dela, de uma frustração anterior, das regras impostas (e necessárias) pela escola. Porém, essa raiva, que poderia ter sido direcionada a tantas outras pessoas, encontra terreno fértil no desprezo pelo professor, incutido continuamente por uma cultura que privilegia a malandragem, o lucro fácil, a negligência com o outro. 

A torrente de emoções segue! O que se poderia esperar de alguém que tenha tido uma atitude dessas? Vergonha, embaraço, tristeza após recobrar a razão. Não! Essas emoções ficam reservadas a nós, população que vê incrédula um profissional tão respeitado em outras culturas ser violentamente atacado. E mais! Raiva do jovem infrator! Ouço os gritos que pedem o espancamento, a prisão, a morte daquele que, segundo decretam, “não tem mais jeito”. Por último, talvez, o medo refletido nesses pedidos. Medo de que o mundo não possa mais ser controlado somente por meio da autoridade. Medo de que tenhamos que ser, todos nós, melhores. 

Não há dúvidas de que o jovem infrator deve ser punido exemplarmente. Não punir significa ser cúmplice de um ato que nenhuma explicação pode justificar. Só quem nunca esteve em uma sala de aula com jovens carregados de ódio pela vida que enfrentam e sem limites familiares pode tentar jogar a culpa sobre a professora e sua didática. Mas essa punição não será suficiente para mudar a realidade. Enquanto não considerarmos a necessidade de uma formação emocional mais profunda entre crianças, jovens e adultos, como é feita, por exemplo, por duas escolas municipais, em Mairiporã – SP, um futuro diferente estará reservado ao plano dos sonhos. Desenvolver a consciência emocional parece o único caminho para que o equilíbrio faça parte do dia-a-dia do nosso mundo.

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