Precisamos falar sobre o Suicídio (II)
Retomamos o tema iniciado na semana passada para, dessa vez,
abordarmos o aspecto emocional do suicídio. Segundo Durkheim, que citei no
texto anterior, existe um tipo de suicídio que resulta do sentimento de isolamento
social. Assim, muitas vezes não sentimos que pertencemos a algum grupo pois os
laços parecem frágeis demais. Esse tipo de suicídio é chamado de Egoísta.
Como já foi amplamente defendido por Bauman, vivemos tempos em
que nada mais é sólido, permanente. Tudo, principalmente os relacionamentos,
são vistos como passageiros, instáveis, frágeis frente a qualquer pequeno
problema. Essa liquidez nos relacionamentos traz, invariavelmente, questões
pessoais de não pertencimento. Nosso relacionamento mais profundo é com o smartphone! Mesmo o contato humano cara a cara está
cada dia complicado, seja pela falta de tempo, seja pela pouca paciência ou
habilidade que temos nas interações pessoais. Esse quadro tende a piorar, uma
vez que as próximas gerações possuem essas características ainda mais
fortemente impregnadas em seu DNA.
Outro fator que enfraquece nossa disposição frente às
dificuldades da vida é a sua romantização, que vem ocorrendo desde o pós 2a
Guerra. Se antes tínhamos estórias que passavam claramente como a vida é
complexa e que raramente acabavam bem, hoje temos a apologia ao Happy End. As
estórias que passavam valores tornaram-se contos de fada, nos quais o final é
sempre feliz, não importando as decisões feitas pelo personagem principal. Essa
crença de que a vida sempre vai nos oferecer um final feliz traz um sentimento
de merecimento sem motivos e, quando o final feliz não acontece, o que é muito
comum, uma sensação de injustiça e infelicidade. Nesse aspecto, Walt Disney fez
um péssimo trabalho pelas gerações futuras.
A vida pode ser maravilhosa, mas não é simples e nem fácil.
A vida demanda posicionamentos, escolhas. E também arcar com as consequências
daquilo que decidimos. Se fosse diferente disso, se sempre houvesse uma maneira
ou alguém para nos salvar das consequências, jamais aprenderíamos, jamais
cresceríamos como seres humanos. A vida é o que fazemos que ela seja. E
justamente para enfrentar todos esses desafios, devemos nos fortalecer
emocionalmente. Devemos desenvolver uma consciência das emoções e sentimentos
que possuímos para conseguirmos lidar de forma saudável com nossas vidas. Essa tarefa
também não é simples, mas é possível com disciplina e ajuda de profissionais. A
felicidade na vida é construída por cada um. Não coloque a sua felicidade na
mão de outras pessoas!
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